sexta-feira, 13 de maio de 2011

Treze-Sexta/Sábado-Catorze

Ainda era sexta treze, eu estava sentado no bar esperando a música começar. O show da noite era por conta de dois amigos, pop rock nacional, blues e alguns outros ritmos para tentar agradar a todos. Entretanto algo me incomodava, não sei o que, mas algo me incomodava muito. Bom, na verdade eu sei o que é, mas pela mesma razão que não resolvo essa pendência não quero contar a vocês qual ela é. A vergonha faz de um homem um fracasso. Eu sou, definitivamente, um fracasso. A sexta treze já quase virava sábado catorze, com “c” mesmo, parece mais rude, mais frio, do que o quatorze. Muito meigo. Pra que escrever com uma letra mais se posso encurtar o trabalho, tal qual eu fazia aquela noite: estava frio, curto e grosso, com ela, com todos.



Não era por querer, era por simplesmente estar “catorze”. Vez ou outra até tentava largar um sorriso, saia sempre amarelo. Era visível, ao menos pra quem reparava em mim, que algo não estava bem comigo. Bom, ninguém reparava. Pra não dizer ninguém, sim a garçonete do bar notou que eu não estava como das outras vezes. Minha cara de “catorze”, ou pra dizer o que quero sem dizer: minha cara de “cuatorze” estava ali, sem nem dar bola para quem estava do lado. Talvez até incomodando quem comigo estava sentado, ou até meus amigos que tocavam e vez ou outra esperavam de mim algum tipo de entusiasmo, ou um simples sorriso.



Já era sábado e eu seguia ali. Da mesma forma. Na mesma pose. Na mesma mesmice. Na mesma merda. Volta e meia eu ia ao banheiro, para dar uma analisada na situação. Voltava pior. Já estava entendendo o que se passava, mas a vergonha era mais forte, e agora, nem que a não tivesse poderia tomar alguma atitude. “Meu amigo! Por que sempre é meu amigo?” Pensei. Que maldito o destino que teima em me pregar sempre essa peça. Canso de “nãos”, tanto os de resposta, quanto os de mim mesmo. Sinto na garganta um caroço de abacate que precisa ouvir um sim para saltar e me permitir a respiração. Algo há de errado comigo, eu sei o quê, mas não quero que vocês saibam. Por mais que na verdade, assim, bem na verdade, o que eu mais quero é que todos saibam, queria gritar pra todo mundo, mas, sou um fracasso. Eu tenho vergonha.

sábado, 30 de abril de 2011

Poema da descoberta.

Assunto era eu que puxava;



Se bem que tu continuavas;



Até com certa gentileza;



Conversava, ria, tudo beleza!







Até o dia da conversa;



Com a pessoa que não conto;



Disse que mais pareço um tonto;



Na tua falsidade imersa.







Disse que tu tens pavor;



Que maldizes o meu amor;



Que pra ti não sou ninguém.



E que finge na minha frente;



Tudo o que de veras sente;



Como fala essa gente;



Ou tu, como finges bem!







Achava que era mentira;



Agora já vejo certo;



Depois de analisar de perto;



Era muita simpatia!







Mas às vezes era fria;



Curta e grossa, sem alegria.



Poucas palavras, apenas respostas;



Das perguntas que eu fazia.



Fala mal de mim pelas costas!



Quem diria!



Diz a verdade guria!







Por ti eu tinha amizade;



Carinho e admiração.



Magoastes meu coração;



Faltando com a verdade.



Não houve sinceridade;



Mas tirei uma lição:









Nada pior pra um “amigo”



É saber que foi traído,



Enganado corrompido.



Fora o erro do cupido:



Um coração oferecido

A quem só pensa no próprio umbigo.